O teste do pezinho que é ofertado pela rede pública do Distrito Federal é um dos mais completos do Brasil, rastreando até 70 tipos de doenças. Isso é importante pois evita complicações, sequelas e até possíveis óbitos.
Vitor Araújo, chefe do Laboratório de Triagem Neonatal da Unidade de Genética do Hospital de Apoio de Brasília (HAB), ressalta: “O teste que ofertamos é até mais completo do que o disponível na rede privada padrão e está disponível de forma gratuita. E ele é referência na América Latina”.
Quando o parto acontece em uma maternidade da rede publica, a coleta do exame já ocorre no próprio hospital. No caso de crianças que nasçam em hospital particular, o exame pode ser feito em até 30 dias após o nascimento, no entanto, o ideal é que o exame seja coletado do terceiro ao quinta dia de vida.
Para a coleta do exame os pais devem levar o recém-nascido a uma unidade básica de saúde (UBS), que estará apta para fazer a coleta e encaminhar o material para o hospital de apoio. Caso seja identificado alguma alteração, as equipes entram em contato com a família para iniciar o acompanhamento.
É o que aconteceu com a pequena Valentina que nasceu no Hran (Hospital Regional da Asa Norte) em 2016, após fazer o teste do pezinho, foi diagnosticada com acidemia isovalérica, que é uma doença grave.
A acidemia isovalérica é uma doença que, quando não se tem o tratamento adequado, pode causar atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e crises convulsivas difíceis de controlar.
“Entraram em contato conosco pelo telefone nos informando que tinha dado alteração no teste do pezinho e que precisaríamos repetir o exame. Fomos direcionados para o Hospital de Apoio, onde ela foi acompanhada até os 3 anos de idade”, relembra a mãe de Valentina, Luciana dos Santos.
A Valentina segue em tratamento, faz acompanhamento a cada seis meses com a equipe de genética e nutrição. Após os 3 anos de idade, o acompanhamento é feito no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib);
Diagnóstico ampliado
São mais de 10 anos que as crianças nascidas na rede pública do DF possuem o acesso ao teste do pezinho ampliado. Durante todos esses anos foram realizados mais de 526.481 testes.
Para a Referência Técnica Distrital (RTD) colaboradora de Doenças Raras da Secretaria de Saúde, Maria Teresa Alves da Silva Rosa, o teste do pezinho é uma importante medida de saúde pública que detecta doenças tratáveis, assim como garante o desenvolvimento adequado e evita sequelas neurológicas nas crianças.
“Foi feita uma revisão recente na triagem neonatal e foi confirmada a detecção de 70 doenças no teste do pezinho atualmente. Até o fim do ano, vai haver a expansão dessa triagem e o teste do pezinho vai detectar mais de 80 doenças”, acrescenta.