Há dez anos uma pergunta protesto ecoou por vários cantos e está até hoje sem reposta. Onde está Amarildo? O pedreiro que desapareceu na favela da Rocinha no dia 14 de julho de 2013, após ser detido e levado por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora da região. De acordo com a Justiça, ele foi torturado e morto por agentes na sede da Unidade. Seus restos mortais nunca foram encontrados.
O caso chegou a ganhar repercussão internacional e a frase arrastou, por longo período, várias manifestações cobrando respostas das autoridades. A Justiça condenou 12 dos 25 envolvidos na ação por tortura, desaparecimento e morte de Amarildo. Nenhum deles, no entanto, está preso em função de recursos judiciais.
O advogado da família de Amarildo, João Tancredo, estranha o fato de a Polícia Militar não ter expulsado dos quadros da corporação justamente o subcomandante, tenente Luiz Felipe Medeiros, e o comandante da UPP à época, Major Edson Santos, ambos condenados no processo.
Na esfera cível, somente no último dia 11, o processo que prevê a indenização do estado à família transitou em julgado e agora depende do governo agilizar o pagamento das indenizações determinadas pela Justiça: R$ 500 mi para a esposa e para cada um dos filhos de Amarildo e R$ 100 mil para cada um dos irmãos.
Amarildo era casado com Elizabete Gomes da Silva e tinha seis filhos. O filho mais velho, Anderson Dias, ainda procura explicações para o que fizeram com o pai.
Nesta quinta-feira, a organização não governamental Rio de Paz realizou uma manifestação em frente ao Copacabana Palace e lançou o documentário “CADÊ VOCÊ? O longa-metragem marca os dez anos do assassinato e desaparecimento de Amarildo e também traz histórias inéditas de pessoas que procuram seus entes queridos, muitos assassinados pelo tráfico, milícia ou polícia, cujos corpos jamais foram encontrados.
Antônio Carlos, presidente da Rio de Paz, afirma que o caso Amarildo não foi isolado e é algo que faz parte do cotidiano do estado do Rio.
A Policia Militar informou que a Corregedoria-Geral da corporação cumpriu rigorosamente todas as etapas previstas em lei, em relação ao Caso Amarildo, e que 6 agentes foram excluídos do quadro da Polícia Militar. Em relação aos 2 oficiais, a PM informou que a decisão final está, no momento, com a Justiça.
Sobre as indenizações à família de Amarildo, a Procuradoria-Geral do Estado informou que aguarda a intimação da Justiça determinando o pagamento.
A Polícia Civil foi procurada sobre investigação dos casos de desaparecimento forçados, mas não respondeu até o fechamento da reportagem.
Fonte: Agência Brasil