Nesta terça-feira (25), comemora-se o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, uma data especial que será marcada por uma intervenção visual no Museu Nacional da República (MuN). Das 19h às 22h, uma projeção em videomapping, criada pelo talentoso Coletivo Coletores, será exibida na cúpula do museu.
Além disso, o Coletivo Coletores está apresentando a exposição “Signos de Resistência, Bordas da Memória” na Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) até o dia 10 de setembro. Essa exposição conta com mais de 250 obras, sendo 50 delas inéditas, proporcionando uma oportunidade única para apreciar a expressão artística e a importância histórica desse grupo.
Essas iniciativas são de grande valor para celebrar a diversidade cultural, reconhecer o papel da mulher negra na sociedade e resgatar suas histórias e lutas por meio da arte. É uma oportunidade única para a reflexão sobre a contribuição significativa das mulheres negras latino-americanas e caribenhas para a cultura e a identidade dessas regiões.
O vídeo intitulado “AKOMA” é uma poderosa homenagem às mulheres negras e suas inspiradoras histórias de superação e redenção. Com pouco mais de um minuto de duração, o vídeo combina animação, intervenção urbana, palavra e tecnologia para destacar figuras importantes como a líder quilombola do século 18, Tereza de Benguela, a renomada escritora Carolina de Jesus e a saudosa ativista e ex-vereadora Marielle Franco.
Toni Baptiste, integrante do Coletivo Coletores, juntamente com Flávio Camargo, compartilha a mensagem de que os feitos e conquistas dessas mulheres extraordinárias continuam reverberando e transformando nossa sociedade. A curadora Aline Ambrósio enfatiza a importância da intervenção visual, que utiliza o videomapping para “pichar” a fachada do Museu Nacional, com o intuito de chamar a atenção para a existência multifacetada das mulheres negras, muitas vezes negadas, apagadas ou marginalizadas em diferentes espaços.
Essa obra de arte audiovisual é um apelo para que essas histórias sejam reconhecidas e celebradas, desafiando as estruturas que historicamente marginalizaram essas mulheres e suas contribuições para a cultura e a sociedade. Por meio da combinação de diferentes formas de expressão, o vídeo AKOMA busca elevar as vozes dessas mulheres e inspirar a reflexão sobre a importância da inclusão e valorização da diversidade em nossa história e cotidiano.
Outros projetos financiados pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC) têm se destacado na pauta cultural da cidade, exaltando o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Em uma sessão especial em celebração a esta efeméride, nesta terça-feira (25) às 21h, o Cine Brasília exibirá o longa-metragem “Amor Maldito”, filme de 1984 dirigido por Adélia Sampaio e estrelado por Monique Lafond e Emiliano Queiroz.
Na semana anterior, o espaço apresentou o premiado curta-metragem “Filhas de Lavadeiras”, da professora e documentarista Edileuza Penha. O filme retrata a história da ancestralidade de um ofício transmitido de mãe para filha e a luta dessas mulheres por uma vida melhor, através do acesso à educação. A diretora destaca a importância de dar voz a mulheres que foram historicamente silenciadas e enfatiza que esse tipo de cinema é urgente.
O projeto “Malubá”, idealizado por jovens negras de Ceilândia, promove uma série de atividades formativas através de oficinas de teatro, workshops de escrita dramatúrgica, elaboração de portfólios e rodas de conversa. Esses encontros, que acontecerão nos dias 1º, 3, 8, 10, 15, 17 e 22 de agosto, das 9h às 12h, ocorrerão no espaço Jovem de Expressão, localizado na Praça do Cidadão, em Ceilândia.
Luana Souza, idealizadora da ação, ressalta que iniciar os processos de produção neste mês é uma forma de reverenciar aquelas que vieram antes e destacar a relevância das mulheres negras na construção de nossa sociedade. Ela enfatiza que, considerando a posição de maior desvantagem social ocupada pelas mulheres negras na pirâmide de raça, gênero e classe, é crucial a existência de iniciativas que estimulem a contação das próprias histórias e o protagonismo dessas mulheres.
O projeto “Tranças no Mapa” foi iniciado em 17 de abril e tem atividades previstas até agosto. Idealizado e coordenado pela pesquisadora Layla Maryzandra, faz parte da pesquisa de campo do Programa de Mestrado em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais (MESPT) da Universidade de Brasília (UnB). Seu objetivo é construir a 1ª Cartografia Sociocultural de Trancistas do Distrito Federal e Entorno. Como o nome sugere, a iniciativa envolve a prática de trançar fios de cabelo, que contam histórias e reforçam a identidade das mulheres negras.
Essa técnica tem origem em uma prática cultural ancestral de matriz africana, que atua como um resgate da autoestima e do senso de pertencimento. Vai além de ser apenas um adorno, sendo considerado um símbolo significativo, conforme explica a pesquisadora Layla Maryzandra. O projeto busca valorizar e preservar os saberes e fazeres relacionados às tranças, ao mesmo tempo em que promove discussões sobre identidade, território e o direito à memória negra.
Para participar, é possível se inscrever na oficina online de Patrimônio Cultural, que ocorrerá em agosto, por meio de um formulário eletrônico. Além disso, a pesquisa inclui perguntas sobre a principal atividade econômica das interessadas, quem lhes ensinou a arte de trançar e se elas reconhecem essa prática como tendo origem africana. Essas informações são fundamentais para o mapeamento e a valorização desse aspecto cultural importante para a comunidade negra.