A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) concedeu, na última quarta-feira (15), uma moção honrosa à ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, em cerimônia realizada no plenário da Casa. A homenagem, proposta pelo deputado Max Maciel (PSOL), reconheceu a importância da atuação de Anielle na luta antirracista e na defesa da população negra no Brasil.
Durante a solenidade, Maciel destacou a trajetória de Anielle Franco, ressaltando seu impacto significativo no combate ao racismo. “Olhando sua trajetória, com tudo o que você tem construído ao longo de toda sua vida. Perpassando seu sucesso no esporte, na vida acadêmica e na vida profissional, em especial à frente do Ministério, desde o início do governo, notamos toda a sua potencialidade e é nítido que sempre esteve atrelada na defesa dos direitos humanos e na luta por direitos da população negra”, afirmou o deputado.
Maciel também pontuou que a abolição da escravatura, comemorada em 13 de maio, ainda não atingiu seus objetivos plenos, enfatizando a importância da luta política contínua para a conscientização e construção de um país verdadeiramente antirracista. “Bem sabemos que não é dia de celebração, e bem sabemos que a escravidão não acabou”, disse.
Representantes de grupos antirracistas elogiaram as iniciativas do ministério liderado por Anielle. Entre os destaques, está a revisão da Lei de Cotas, que visa ampliar a inclusão de estudantes negros, pardos, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência e de baixa renda nas universidades e institutos federais.
Outro projeto aclamado foi o ‘Juventude Negra Viva’, que tem como objetivo reduzir as vulnerabilidades da juventude negra brasileira e combater a violência letal decorrente do racismo estrutural. Maciel mencionou seus esforços para implementar esse programa no Distrito Federal.
Deputados Elogiam Contribuições da Ministra
A deputada federal Carol Dartora (PT-PR), primeira vereadora negra de Curitiba e primeira deputada federal negra pelo Paraná, também prestou homenagem a Anielle Franco. Dartora revelou que sua trajetória política foi inspirada pela luta de Anielle e sua irmã, Marielle Franco, assassinada em 2018. “Fui eleita como uma semente de Marielle”, declarou a parlamentar.
Os deputados distritais Chico Vigilante (PT) e Dayse Amarilio (PSB) também prestaram homenagens à ministra. Vigilante afirmou que a moção honrosa é “mais do que justa”, dado que Anielle tem sido um símbolo de conscientização política no combate à desigualdade racial. Amarilio destacou os desafios enfrentados por mulheres, especialmente negras, para alcançar posições de destaque no Brasil. “A gente vive num país muito racista e machista. Marielle vive em você e em nós. Você é símbolo de representatividade”, elogiou.
Relevância da Luta Contra Racismo e Machismo
O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) e a deputada federal Érika Kokay (PT-DF) sublinharam a importância da luta de Anielle e os desafios enfrentados pelo Governo Federal no combate ao racismo, machismo e sexismo, especialmente num cenário de proliferação de ‘fake news’. “Esse país precisa enfrentar com todas as forças o racismo. Para fazer esse enfrentamento precisamos de orçamento”, declarou Félix. Kokay mencionou a necessidade de combater várias formas de racismo, como o ambiental, institucional e religioso. “Jamais os tambores serão calados nesse país”, afirmou, referindo-se ao preconceito contra religiões de matriz africana.
Anielle Franco Reflete Sobre Desafios Pessoais e Coletivos
Anielle Franco compartilhou as dificuldades enfrentadas após o assassinato de sua irmã, Marielle Franco, e as diversas violências sofridas por sua família devido a ‘fake news’ e à inoperância do Estado em resolver o caso. “Tive que combater fake news desde o dia que mataram Marielle até hoje”, lamentou. Ela destacou a importância do apoio familiar e como as dificuldades vividas como mulher negra na comunidade a tornaram mais resiliente. “Para estar neste lugar, a gente tem que lembrar de onde veio e saber onde quer chegar”, declarou.
Compromisso com Políticas Igualitárias
A ministra finalizou defendendo um projeto de política igualitária, antirracista e anti-sexista como atuação prioritária do Estado, colocando o ministério à disposição para debates e proposições sobre essas causas. “Eu acredito numa política coletiva, que olha para todos, todas e todes de maneira igual”, afirmou.