O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) divulgou nesta semana os resultados do 2º Censo Distrital da População em Situação de Rua. O levantamento apontou que o DF abriga atualmente 3.521 pessoas vivendo nessas condições. Este mapeamento é fundamental para orientar políticas públicas mais assertivas e inclusivas voltadas para esse público.
Entre as iniciativas de destaque do Governo do Distrito Federal (GDF) está o programa RenovaDF, que capacita pessoas em situação de vulnerabilidade na área da construção civil. Os alunos, enquanto aprendem, aplicam seus conhecimentos na reforma de equipamentos públicos e recebem uma bolsa durante o curso. Coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet-DF), o programa reserva 10% de suas vagas para pessoas em situação de rua. Desde 2021, 727 alunos nessa condição concluíram a formação, sendo 504 apenas no último ano — e destes, 48 conseguiram inserção no mercado de trabalho.
“O GDF tem trabalhado de forma constante para garantir dignidade e criar oportunidades reais para que pessoas em situação de rua possam recomeçar”, afirmou Gustavo Rocha, secretário-chefe da Casa Civil, destacando que investir em capacitação profissional é uma forma concreta de oferecer autonomia e dignidade.
O censo revelou ainda que 63% dessas pessoas vieram de outros estados, e 42,9% migraram para a capital em busca de emprego. Para o secretário Thales Mendes, da Sedet-DF, os números do RenovaDF reforçam que o DF é uma “porta de recomeço” para quem busca uma nova chance.
Outro avanço do GDF foi a nomeação de 15 pessoas em situação de rua para cargos públicos, conforme o Decreto 46.250/2024. Elas agora atuam nas secretarias de Justiça e Cidadania, Desenvolvimento Social e Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda.
O DF também se destacou nacionalmente ao ser a primeira unidade da Federação a instituir um plano formal após a suspensão pelo STF das ações coercitivas contra a população de rua. Em maio de 2024, começaram as ações de acolhimento em regiões como Asa Sul e Taguatinga, e, desde então, ocorrem semanalmente em diversos pontos do DF, incluindo Ceilândia, Águas Claras e Arniqueira.
“A pessoa em situação de rua precisa de um olhar diferente, de oportunidades que desenvolvam suas autonomias e o processo de saída das ruas”, destacou Ana Paula Marra, secretária de Desenvolvimento Social, reforçando que o DF tem buscado oferecer dignidade por meio da integração entre acolhimento, capacitação e emprego.
Por fim, Gustavo Rocha destacou que os resultados do censo mostram que o crescimento da população em situação de rua no DF foi menor do que em outros estados, o que, segundo ele, comprova a eficácia das políticas públicas implementadas.