O dólar subiu pela 12ª sessão consecutiva nesta quinta-feira (5), alcançando pela primeira vez o patamar de R$ 4,65 e mercando novo recorde nominal (sem considerar a inflação) de fechamento, em meio a expectativas de corte de juros devido aos riscos econômicos do coronavírus. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá em 17 e 18 de março para deliberar sobre a taxa de juros, que está em patamar mínimo recorde de 4,25% ao ano.
A moeda norte-americana subiu 1,57%, cotada a R$ 4,6509, mesmo com leilão extra do Banco Central. Na máxima, chegou a R$ 4,6664. Veja mais cotações.
Já o dólar turismo foi vendido a R$ 4,8582, sem considerar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Nas casas de câmbio, o dólar era negociado acima de R$ 5,08 nas compras em cartão pré-pago.
No dia anterior, o dólar encerrou a sessão em alta de 1,51%, a R$ 4,5790, após a divulgação dos dados oficiais do Produto Interno Bruto (PIB) de 2019, que registrou alta de 1,1% em 2019, confirmando resultado mais fraco em 3 anos e desaceleração da economia brasileira no 4º trimestre.
No ano, a alta acumulada já é de 15,99%.
Já o principal índice da bolsa de valores brasileira, a B3, registrou forte queda.
‘Se eu fizer muita coisa certa, pode descer’
Falando em evento em São Paulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o câmbio é flutuante e disse que o dólar pode recuar se o governo adotar as medidas corretas ao seguir na agenda de reformas para que a confiança do investidor no país seja recuperada.
“É um câmbio que flutua. Se eu fizer muita besteira, ele pode ir para esse nível (de R$ 5). Se eu fizer muita coisa certa, pode descer”, disse em evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “(Com a as reformas), mais rápidos são retomados os investimentos, e o dólar acalma.”
Coronavírus
Em todo o mundo o foco seguiu no surto de coronavírus em rápida expansão, que já atingiu cerca de 95 países, infectando mais de 95 mil pessoas, causando a morte de mais de 3 mil e ameaçando interromper as cadeias de suprimento mundiais.
“Todo esse movimento é global. Há uma apreciação do dólar geral”, disse Italo Abucater, gerente de câmbio da Tullett Prebon, citando movimentos de aversão a risco em meio a incertezas sobre o futuro da doença. “Quando que uma vacina será descoberta? Quando aparecerá uma cura?”
Segundo muitos analistas, colaborando para esse movimento está a expectativa de corte de juros no Brasil, depois que vários bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, iniciaram movimentos de flexibilização monetária em defesa contra os riscos do coronavírus.
A redução sucessiva da Selic a mínimas históricas tornou alguns rendimentos baseados na taxa de juros brasileira menos atraentes para o investidor estrangeiro, o que recentemente prejudicou o desempenho do real.