A Promotoria Militar do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios pediu que a Corregedoria da Polícia Militar do DF abra investigação sobre denúncia feita pelo colunista do UOL, Chico Alves, em reportagem que revelou orientações ilegais contidas em material utilizado no curso de formação de praças da PM do DF.
Numa apresentação de PowerPoint sobre disciplina, ética, chefia e liderança, conceitos teriam sido distorcidos para afirmar que ao forjar um flagrante ou praticar pequena tortura o policial estaria agindo corretamente.
Um dos exemplos utilizado durante o curso de formação da PMDF, que está na reportagem do UOL tem como personagem o Batistão, que responde a vários processos por tráfico de drogas e outros crimes.
Durante prisão por embriaguez ao volante, os policiais encontraram cocaína no carro de Batistão, que alegou ser usuário. Para forjar um flagrante de tráfico, os agentes convencem uma pessoa que passava pelo local a prestar depoimento e confirmar que estava comprando a droga de Batistão.
Pela ótica utilitarista, essa seria uma atitude ética, segundo a orientação do curso de formação da PM-DF, porque a prisão do traficante iria beneficiar a maior parte da sociedade. Ou seja, os fins justificam os meios, ensina o material do curso ministrado pela corporação.
Para a antropóloga Haydée Caruso, professora do departamento de sociologia da Universidade de Brasília e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o título de uma disciplina, como o caso de ética em cursos de formação de policiais, não significa necessariamente que o conteúdo segue as normas que regem a democracia no país.
Nós tentamos contatos com a Secretaria de Segurança Pública e com a Polícia Militar do Distrito Federal para comentar sobre o material didático revelado pela reportagem do UOL, mas não tivemos retorno até o fechamento dessa edição.
Fonte: Agência Brasil