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Educação pública que transforma: Alunos do DF conquistam vagas na universidade

Preparação e incentivo escolar impulsionam estudantes a ingressar no ensino superior na capital e em outras regiões do país.

A educação possui um poder transformador, e as escolas públicas do Distrito Federal têm se destacado na preparação dos alunos para o ensino superior. Com estrutura adequada e apoio pedagógico, cada vez mais estudantes conquistam vagas em universidades públicas e privadas, superando barreiras e ampliando seus horizontes.

Um exemplo inspirador é o de Joyce Lourenço, de 18 anos, aluna do Centro Educacional 104 (CED 104), localizado no Recanto das Emas. Ela foi aprovada em quatro instituições para o curso de medicina: Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade de Rondonópolis (URF), Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos (Uniceplac), com bolsa integral pelo Prouni, e Universidade de Brasília (UnB), por meio do Programa de Avaliação Seriada (PAS). Joyce optou pela UnB. Moradora da zona rural de Ceilândia, ela destacou-se pelo foco e determinação. “Ao terminar o ensino fundamental, fui morar com minha tia no Recanto das Emas para me dedicar aos estudos”, conta. “No início, achava que a universidade pública não era para mim, mas, ao conhecer as políticas de cotas e o suporte da escola, percebi que era possível.”

A infraestrutura do CED 104 foi crucial para seu sucesso. “Os professores sempre tiravam minhas dúvidas e me ajudavam. Eram todos muito receptivos”, relata Joyce, que tinha a biblioteca como seu lugar preferido. De acordo com a Secretaria de Educação (SEEDF), mais de 60 alunos do CED 104 também conseguiram aprovação no ensino superior.

Outro exemplo é o de Daniel Filipe de Oliveira, de 17 anos, que conquistou uma vaga em ciência da computação na UFG, além de aprovações em análise e desenvolvimento de sistemas pela PUC-GO e em engenharia de software pelo PAS-UnB, ficando em 4º lugar nas cotas para escolas públicas e em 38º na ampla concorrência. Para ele, o estudo em grupo foi essencial: “A partir do 2º ano, quando comecei a estudar com meus amigos, meus resultados melhoraram nos simulados”, explica. “Quando alguém tinha dificuldades, os outros ajudavam e incentivavam.” A participação na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), onde ganhou três medalhas de prata, também foi um grande motivador.

João Pedro da Nóbrega, de 17 anos, ingressou junto com Daniel no curso de engenharia de software da UnB pelo PAS, graças aos estudos coletivos e à dedicação à Obmep. “Cheguei ao ensino médio com muitas dificuldades, mas, ao entrar no CED 104, recebi orientação dos professores sobre a importância de me dedicar aos estudos”, destaca. “No início, uma professora nos disse para nos cercarmos de pessoas com interesses semelhantes, e foi isso que fiz.”

O diretor do CED 104, Felipe Renier, ressalta que as aprovações são resultado de uma estratégia pedagógica bem planejada. “Com aulões interdisciplinares e simulados, preparamos os alunos não apenas para ingressar no ensino superior, mas para terem um bom desempenho acadêmico”, explica. A escola também oferece avaliações discursivas em diversas disciplinas e promove eventos como jogos interclasse, festival de dança, ações voltadas para a consciência negra e circuito de ciências, estimulando o aprendizado de forma ampla.

Segundo Rosangela Santos, da assessoria regional do Recanto das Emas, a Secretaria de Educação acompanha de perto as iniciativas das escolas. “Cada unidade tem um coordenador intermediário para garantir que os projetos sejam adaptados às suas necessidades”, explica. A secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, comemora os resultados: “A aprovação dos nossos estudantes é motivo de orgulho e reflete nosso compromisso com a qualidade da educação. Esse sucesso é fruto do esforço dos alunos e da dedicação dos professores.”

Superando desafios, João Lucas Soares Ramos, de 18 anos, aluno do CED 8 Incra de Brazlândia, realizou o sonho de ser aprovado em medicina na UnB sem cursinhos preparatórios. “Eu não tinha professores extras para tirar dúvidas, então recorri aos docentes da escola. Um professor de português, em especial, me ajudou muito na redação”, relembra. Para ele, os maiores desafios foram a administração do tempo, o desgaste emocional e a confiança. “Estudar muitas horas seguidas com eficiência é difícil”, comenta. “Além disso, muitos alunos da rede pública nem sonham em entrar na universidade, achando que é algo inalcançável. Mas temos, sim, capacidade de conquistar uma vaga.”

João Lucas reforça a importância de ocupar esses espaços. “Precisamos cada vez mais estar presentes nas universidades, especialmente aqueles de regiões mais vulneráveis, pois essa é uma chance real de mudar nossa realidade”, defende.

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