Em uma audiência pública marcada por críticas e questionamentos, a Comissão de Saúde (CSA) da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou, nesta segunda-feira (17), a indicação de Cleber Monteiro Fernandes para assumir a direção do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). O nome do candidato, que atualmente ocupa a vice-presidência da instituição, foi aprovado por três votos a dois e agora segue para votação no plenário da Casa nesta terça-feira (18).
Capacidade técnica em debate
Um dos principais pontos de discussão foi a formação profissional de Monteiro. A deputada Dayse Amarilio (PSB) questionou a ausência de experiência na área da saúde e comparou a indicação a nomear um profissional da saúde para dirigir a Polícia Civil. Em resposta, Monteiro destacou sua trajetória na gestão pública e sua experiência como diretor-geral da Polícia Civil do DF, ressaltando habilidades de liderança e gestão de crises.
O deputado Wellington Luiz (MDB) defendeu Monteiro, afirmando que sua capacidade de gestão foi comprovada em cargos anteriores e que a formação acadêmica não seria um fator determinante para seu desempenho no Iges-DF.
Contrato e precarização do serviço
Outro ponto polêmico foi a validade do contrato entre o Iges-DF e o GDF. Dayse Amarilio alegou que o contrato deveria ter sido revisto a cada cinco anos e estaria operando em desacordo com a legislação federal. Monteiro rebateu, afirmando que a vigência é de 20 anos e que não há questionamento judicial sobre sua validade.
O deputado Gabriel Magno (PT) criticou a quantidade de aditivos e mudanças contratuais desde 2018, apontando que o modelo de gestão do Iges não tem garantido qualidade na saúde pública. “Já é a oitava sabatina de presidente do Iges em seis anos. Isso mostra que o modelo não é saudável”, argumentou.
Problemas na saúde e medidas prometidas
Durante a sabatina, parlamentares cobraram soluções para problemas como longas filas de espera para consultas, exames e tratamentos. Segundo dados apresentados por Amarilio, 16.900 pessoas aguardam por consulta com cardiologista.
Monteiro prometeu a criação de um complexo regulador para melhorar a gestão da fila e garantir atendimento mais ágil. Ele também anunciou uma superintendência de contratos para fiscalizar serviços terceirizados, incluindo a UTI Vida, empresa criticada pelo estado precário de suas ambulâncias.
A qualidade da alimentação servida nos hospitais também foi alvo de críticas, especialmente no Hospital de Santa Maria. Monteiro garantiu que um novo contrato foi firmado para melhorar as refeições oferecidas a pacientes e servidores.
Divergências na votação
A votação na CSA refletiu o embate político sobre a indicação. Os deputados Pastor Daniel de Castro (PP), Jorge Vianna (PSD) e Martins Machado (Republicanos) votaram a favor. Já Dayse Amarilio e Gabriel Magno se posicionaram contra, argumentando que a gestão do Iges-DF representa um “desmonte da saúde pública”.
Agora, cabe ao plenário da Câmara Legislativa decidir se Cleber Monteiro assume oficialmente a direção do Iges-DF.