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Programa de Educação Precoce garante atendimento especializado para crianças com dificuldades no desenvolvimento

A iniciativa já beneficia mais de quatro mil crianças de até 3 anos e 11 meses em 22 unidades do Distrito Federal.

A notícia de que estava grávida de gêmeas siamesas unidas pela cabeça abalou profundamente a farmacêutica Camilla Vieira, então com 23 anos. Os desafios pareciam incontáveis, e pairava a incerteza sobre a qualidade de vida e o desenvolvimento motor e cognitivo das duas meninas. No entanto, para alegria de Camilla e de todos que acompanham a trajetória de Lis e Mel, os piores temores não se confirmaram.

Hoje com 6 anos, Lis e Mel passaram pela delicada cirurgia de separação em 2019, aos 11 meses de idade, realizada na rede pública do Governo do Distrito Federal (GDF). Pouco tempo depois, veio mais uma boa notícia: as irmãs foram incluídas no Programa de Educação Precoce (PEP), da Secretaria de Educação do DF (SEEDF). “A educação precoce foi incrível para a gente. Elas estavam começando a andar, então receberam acompanhamento motor, além de apoio para o desenvolvimento da fala. Isso teve um impacto enorme no crescimento delas”, recorda Camilla. O acompanhamento semanal ocorreu no Centro de Ensino Especial 01 (CEE 1) de Ceilândia. Lis e Mel começaram aos 1 ano e meio e concluíram o programa aos 3 anos. Atualmente, seguem normalmente na primeira etapa do ensino fundamental.

Para Camilla, a participação no programa foi decisiva para o progresso das filhas. “É maravilhoso ver que elas acompanham bem a turma e até estão um passo à frente. Agora estão no primeiro ano, que é quando inicia a alfabetização, mas já sabem ler. Isso enche meu coração de alegria”, comemora. “Todo o atendimento — cirúrgico, educacional — foi feito pelo GDF. Descobri o programa após a cirurgia e foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido para elas. Sempre recomendo para outras mães.”

Criado em 1987, o Programa de Educação Precoce oferece atendimento educacional especializado para crianças de até 3 anos e 11 meses com necessidades específicas. Atende bebês com suspeita de deficiência, transtorno do espectro autista, altas habilidades e situações de risco, como prematuridade, pós-maturidade e filhos de mães diabéticas. Hoje, mais de quatro mil crianças participam do programa, disponível em 22 unidades distribuídas pelas 14 regionais de ensino do DF.

“No Distrito Federal temos um compromisso consolidado há décadas em oferecer essa modalidade para crianças que precisam de suporte educacional diferenciado desde cedo. É um trabalho conjunto com as famílias e reforça nosso esforço para garantir inclusão desde os primeiros anos”, afirma Vera Lúcia Ribeiro de Barros, subsecretária de Educação Inclusiva e Integral.

O Centro de Ensino Infantil 04 (CEI 04) de Taguatinga é um dos polos que oferecem o programa e já atendeu 219 crianças desde 2006. “Recebemos crianças com deficiência, prematuridade ou em situação de risco social, como adotadas ou institucionalizadas. Os atendimentos ocorrem duas vezes por semana, com sessões de 50 minutos, adaptadas à idade e necessidade”, explica a diretora Sabrina Marques Oliveira.

A equipe conta com dois profissionais: um professor de educação física, que trabalha o desenvolvimento motor, e um pedagogo, que foca na parte cognitiva. “É um trabalho integrado e personalizado, sempre em parceria com as famílias. O que fazemos aqui precisa ser continuado em casa, para que as crianças cheguem prontas ao ensino regular”, reforça Sabrina.

Assim como Camilla, a professora Karolina Bandeira, de 39 anos, também reconhece os benefícios do programa. Mãe de cinco, três de seus filhos participam do PEP no CEI 04: Samuel, 3 anos, com atraso na fala, e as gêmeas Ana e Maria, 2 anos, que ingressaram por serem prematuras — sendo que Maria tem paralisia cerebral. “Os avanços foram rápidos. Elas começaram com 3 meses e logo vimos mais interesse, mais atenção e ganhos motores. Samuel também evoluiu muito na fala”, relata Karolina.

Nas sessões, as crianças participam de atividades de estimulação sensorial, motora, cognitiva, de linguagem e socioafetiva. Os pais recebem orientações para reforçar o aprendizado em casa. “A estimulação precoce é essencial, mas precisa desse complemento em casa. No caso da Maria, por exemplo, além da estimulação, ela faz fisioterapia e terapia ocupacional”, conta Karolina.

Deise Arruda, coordenadora do PEP no CEI 04, destaca que o foco é desenvolver as potencialidades das crianças aproveitando a fase de maior neuroplasticidade, que ocorre nos primeiros três anos de vida. “Quanto mais cedo chegam, mais avanços conseguimos. É comum vermos crianças que entram com dificuldades e logo superam barreiras”, afirma.

Para participar do programa, é necessário encaminhamento médico, e as matrículas podem ser feitas durante todo o ano nas unidades habilitadas. As crianças permanecem até os 4 anos, sendo depois direcionadas para a educação infantil regular ou para o ensino especial, conforme o caso.

Confira as unidades que oferecem o Programa de Educação Precoce:

  • Brazlândia: CEE Professora Luciene Spinola

  • Ceilândia: EC 68, CEE 01 e CEE 02

  • Gama: CEE 01

  • Guará: CEE 01 e CEF 02 da Estrutural

  • Núcleo Bandeirante: Caic JK e CEI Riacho Fundo II

  • Paranoá: CEI 01 e EC 203

  • Planaltina: CEE 01

  • Plano Piloto: CEI 01, CEE 02 e CEEDV (Deficientes Visuais)

  • Recanto das Emas: CEI 304

  • Samambaia: CEE 01

  • Santa Maria: CEE 01

  • São Sebastião: Caic Unesco

  • Sobradinho: CEE 01

  • Taguatinga: CEI 04 e CEI 07

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