Cerca de 60 pessoas — entre crianças, adolescentes, uma mulher grávida e idosos — estão abrigadas na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) desde terça-feira (6), após terem suas casas demolidas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) no Setor de Chácaras Lúcio Costa, área conhecida como Setor de Inflamáveis. A ação ocorreu na segunda-feira (5) e, segundo o GDF, foi motivada por riscos à segurança da população devido à proximidade com linha férrea e à presença de materiais inflamáveis.
Sem ter para onde ir, parte das famílias passou a primeira noite ao relento e, no dia seguinte, buscou abrigo na CLDF. Desde então, estão recebendo alimentação e suporte básico de saúde oferecido pela Casa.
“O que nos motivou a acolher essas pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças, foi a situação de extrema vulnerabilidade em que se encontravam. Enquanto isso, seguimos na interlocução com os órgãos competentes”, explicou o presidente da Câmara Legislativa, deputado Wellington Luiz (MDB), que reforçou o compromisso da Casa: “A CLDF não vai virar as costas para a população”.
A presença das famílias e a remoção realizada pelo GDF repercutiram entre os distritais na sessão ordinária desta quarta-feira (7). O deputado Chico Vigilante (PT) questionou a postura do governo: “Essas pessoas estão lá há 30, 40 anos e só agora enxergam risco? Em vez de passar o trator e desalojar crianças e idosos, por que não ofereceram uma alternativa digna de moradia primeiro?”.
Morador da região há seis anos, Samuel Ferreira de Brito relembrou a ação com emoção. “Vimos as máquinas, polícia, bombeiros… Foi a coisa mais triste do mundo ver tudo sendo derrubado e a gente sem poder fazer nada”, contou, destacando que nem todos foram notificados previamente.
O deputado Max Maciel (PSOL) destacou a necessidade de políticas públicas de habitação: “Queremos moradia popular no centro, perto do trabalho, da escola, dos serviços. Essa é a disputa de cidade que precisamos travar”.
João Cardoso (Avante) afirmou que todos os parlamentares da Casa apoiam a causa dos desalojados. Já Gabriel Magno (PT) classificou a ação do Buriti como um ato de “desumanização”, que retira direitos sem apresentar soluções.
Por fim, Fábio Felix (Psol) também criticou o governador Ibaneis Rocha (MDB), lembrando promessas de campanha. “Na eleição de 2018, Ibaneis disse que tiraria do bolso para reconstruir casas. Agora, está derrubando as casas dos que mais precisam”.