A segunda parte do especial da Agência Brasília detalha o complexo e meticuloso sistema que garante água potável de alta qualidade a quase todas as residências do Distrito Federal. Com 99% de cobertura, a região está entre as mais avançadas do país em saneamento básico, ficando muito próxima da meta do novo Marco Legal do Saneamento, que estipula 99% de abastecimento com água potável até 2033.
Todo o processo é liderado pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), que realiza monitoramento completo da água, desde sua captação em mananciais, passando pelo tratamento, até a chegada às torneiras. Esse controle atende aos padrões mais exigentes do Ministério da Saúde, garantindo que a água chegue aos consumidores sem gosto, cheiro ou cor, e livre de contaminantes.
A gerente do Laboratório Central da Caesb, Alessandra Momesso, explica que o monitoramento abrange desde os parâmetros básicos — como pH, turbidez e cloro residual — até análises microbiológicas e químicas avançadas, como a detecção de metais pesados e agrotóxicos. “Essas análises são feitas regularmente, como exige a portaria do Ministério da Saúde”, pontua.
Segundo o biólogo Bruno Batista, o laboratório possui reconhecimento internacional, sendo auditado periodicamente pelo Inmetro. Em 2024, foram realizadas 35.429 análises, com média de 3 mil ensaios mensais em 400 pontos de coleta. O índice de conformidade da água foi de 99,47%.
O Distrito Federal conta com 12 estações de tratamento de água (ETAs), e a distância entre o manancial e a estação impacta diretamente o tempo de captação e tratamento. “A ETA de Brazlândia, por exemplo, atende 62 mil pessoas, e tem pontos de coleta específicos para garantir o controle da qualidade da água até a casa do consumidor”, explica Cláudia Simões, coordenadora do Sistema de Produção de Água da Caesb.
De 2019 a 2024, a Caesb investiu R$ 1 bilhão em melhorias nos sistemas de abastecimento e esgotamento sanitário. Até 2029, estão previstos mais R$ 3,2 bilhões para expandir o setor, com foco na redução de perdas, setorização do fornecimento e conversão de metano em energia.
Monitoramento do Lago Paranoá
Outro destaque é o programa de balneabilidade do Lago Paranoá. Técnicos da Caesb monitoram semanalmente dez pontos distribuídos ao longo dos 48 km² do lago, medindo pH, coliformes fecais e presença de algas. Os resultados são divulgados em mapas atualizados no site da Caesb, orientando a população sobre os locais próprios para banho.
Além disso, uma coleta mais ampla é feita mensalmente em 30 pontos diferentes, avaliando a tendência de crescimento de vegetações aquáticas — fenômeno que pode prejudicar o equilíbrio ecológico do lago. “Monitoramos especialmente o fósforo, nutriente que, em excesso, estimula a proliferação de algas. Quando necessário, atuamos com embarcações específicas para remoção das macrófitas”, afirma Alessandra Momesso.
Atenção redobrada e comunicação transparente
Em casos de contaminação grave, a Caesb age rapidamente, acionando sua equipe de comunicação para alertar a população. Regiões próximas a estações de esgoto merecem atenção especial, já que, apesar do tratamento, podem conter zonas de mistura. Por isso, é desaconselhado o banho nesses locais, mesmo que os parâmetros estejam dentro dos limites legais.
A atuação rigorosa da Caesb, somada aos investimentos e à transparência com o público, colocam o Distrito Federal como exemplo de gestão hídrica e saneamento no Brasil.