A Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) iniciou a disponibilização de bolsas de plasma, um dos componentes do sangue de doadores, para a produção de medicamentos a serem distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para pessoas com problemas de coagulação.
Esses medicamentos são conhecidos como hemoderivados e serão produzidos na França pela Octapharma A.G. A iniciativa é da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), instituição vinculada ao Ministério da Saúde, em parceria com hemocentros de todo o país.
Para ser aprovada como fornecedora de plasma, a FHB precisou passar por uma inspeção da Hemobrás entre 2021 e 2022. N contrato, que está em execução desde novembro no ano passado, o Hemocentro se comprometeu em disponibilizar o excedente de bolsas de plasma não utilizadas pela rede pública de saúde do DF. Desde o início da parceria, a FHB já entregou 8 mil unidades do hemocomponente à Hemobrás.
“Como o plasma pode ser congelado por até um ano, acumulamos no estoque alto número de bolsas que, muitas vezes, eram descartadas”, reforça o presidente da FHB, Osnei Okumoto. “Felizmente, agora esse rico material será aproveitado para uma causa nobre. Ficamos orgulhosos de ser um dos fornecedores de plasma no Brasil.”
O material será utilizado como matéria-prima para produzir concentrados de albumina, imunoglobulina e fatores de coagulação VIII e IX, essenciais para o tratamento e a sobrevivência de portadores de doenças conhecidas como coagulopatias.
“Sem essa medicação, pessoas com hemofilia, por exemplo, poderiam sangrar até morrer”, esclarece o diretor de Processamento e Distribuição de Hemocomponentes da FHB, Fábio de França. “Em muitos casos, o tratamento dura a vida inteira, e só o SUS consegue fornecer os medicamentos necessários. A produção é de alto custo e somente feita no exterior. Infelizmente, o Brasil ainda não possui essa tecnologia.”
Processamento
Rico em proteínas, o plasma corresponde a cerca de metade do volume de uma bolsa de sangue doado. Após a coleta, o material é centrifugado e fracionado, resultando em quatro diferentes componentes: hemácias, plaquetas, crioprecipitados e plasma.
Após processado, cada componente do sangue tem um fim específico. Entre outras indicações, a bolsa de plasma, por exemplo, pode ser utilizada por pacientes que sofreram queimaduras graves.
A transfusão, porém, não é suficiente para atender pessoas com coagulopatias. “Somente o medicamento produzido em laboratório é capaz de reunir a alta quantidade necessária de substâncias encontradas no plasma para o tratamento dessas pessoas”, atenta a biomédica Ryanne Camilo, da FHB.