Com a proximidade das festividades de fim de ano, a ansiedade de muitos brasilienses em pegar a estrada e desfrutar de momentos especiais em família é evidente. Contudo, enquanto muitos se preparam para celebrar, a Fundação Hemocentro de Brasília enfrenta uma situação preocupante: a queda nas doações e, por consequência, a redução nos estoques de bolsas de sangue.
Kelly Barbi, gerente de captação de doadores do Hemocentro, destaca que a diminuição nas coletas ocorre devido à atenção das pessoas voltada para as festividades e ao fato de muitos brasilienses optarem por viajar nesta época. Em contrapartida, há um aumento na demanda por transfusões emergenciais durante o período. “No final do ano, assim como em outros feriados, é comum observarmos uma queda nas doações. Por outro lado, há um aumento nas transfusões, especialmente as emergenciais. É uma equação que não fecha”, enfatiza.
De acordo com Barbi, nesta época, a unidade frequentemente fica desabastecida dos tipos sanguíneos O+, O-, B- e A+. “Pedimos às pessoas que incluam a doação de sangue em seu calendário de fim de ano. Para começar bem o ano de 2024, nada melhor do que doar sangue e ajudar a salvar vidas. Precisamos da solidariedade das pessoas”, acrescenta. Nesta quinta-feira (21), os estoques de AB- também estavam em níveis críticos.
A importância de doar sangue regularmente não é apenas um alerta. Especialistas afirmam que uma única bolsa de sangue coletada tem o potencial de ajudar a salvar a vida de até quatro pacientes. Isso ocorre porque os componentes do sangue são fracionados para atender necessidades específicas de diferentes casos clínicos.
Pacientes com anemia, por exemplo, necessitam de transfusão de hemácias, enquanto vítimas de queimaduras podem precisar de plasma. Já em situações de cirurgias e transplantes, a demanda recai sobre hemácias e plaquetas. Ciente da importância desse gesto, o servidor público João Bosco Lacerda, 32 anos, relata que doa sangue com frequência na unidade. “Sabemos que muitas pessoas têm compromissos nesta época do ano e não doam. A demanda aumenta bastante. Por conta das festas, podem ocorrer problemas, então é sempre bom reforçar o estoque”, relata.
A servidora pública Anamartha Dantas Neves, 56, transformou a doação em uma rotina. “O órgão onde trabalho nos convida periodicamente para doar, e eu acho isso muito importante”, ressalta. “É um gesto que não custa nada, não prejudica ninguém e contribui bastante”, completa.
Seja um doador
Siga o exemplo de João Bosco e Anamartha e torne-se um doador de sangue. Para isso, é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade, pesar mais de 51 kg e ter um índice de massa corporal (IMC) igual ou maior que 18,5. Menores de 18 anos só poderão doar acompanhados dos pais ou responsáveis, enquanto os idosos devem ter realizado pelo menos uma doação de sangue antes dos 61 anos. Além disso, é necessário que o candidato à doação tenha dormido pelo menos seis horas, com qualidade, na noite anterior. Não serão aceitas doações de sangue de pessoas que tenham ingerido bebida alcoólica 12 horas antes do procedimento ou que tenham fumado duas horas antes.
Antes de prosseguir com a doação, o candidato passa por uma avaliação de profissionais de saúde para verificar se está apto. Portanto, seja sincero ao responder às perguntas feitas durante a triagem e não omita informações importantes, pois a segurança do doador e do receptor depende disso.
Lembre-se: não faça jejum. É importante estar bem-alimentado para doar sangue, assim como beber bastante água desde o dia anterior à doação.